A todos, um Bom Natal!

A todos aquele que se interessam por mim e a quem eu tantas vezes não escrevo, nem sequer falo; aos que escrevem coisas magníficas em locais que eu devia frequentar sempre e onde tão raramente vou; aos que não perderam ainda a capacidade de se comoverem pelo insignificante e não cultivam o atrevimento obsessivo do eu; aos que se esmeram na arte do lento sentir, esgotados de uma vida vazia de rápido pensar; aos que sabem o segredo de adivinhar e com esse pressentimento navegam ainda pela vida caprichosa; a todos os que naufragram e sabem o que é, perdidas as velas, seguir-se a remar; a quantos, tantos que nem sonho que existem nem dizem que estão, aqueles em nome dos quais e por causa dos quais a vida ainda vale a pena: párias do real, místicos sem religião, sacerdotes do amor mesmo sem acto de amar: um Bom Natal!