Lua descendente

* Debruçado sobre si e a si dedicado, um homem escrevera este bilhete, sem razão, nem motivo, ou sequer o pretexto de uma intenção... [A Posta Restante].

* Através dele e da sua delicada escrita, abeirei-me do sublime, em silenciosa reverência... [A Janela do Ocaso].

Dia de descanso

* A morte de Mozart é talvez o facto que traz com maior expressão para a dimesão pública universal a ideia de um lugar de entrerramento colectivo e não individualizado a marcar a diferença entre os endinheirados e os mendigos... [A Reciclagem do Ser].
* Chegado ao fim do ano é tempo de exames. Um dos que foi chamado a prestar provas foi este blog. Saíu de lá chumbado, a cadeira arrastada para a época de Setembro!.. [Patologia Social].
* Não tendo morrido por um ideal alheio, aprenderam a viver por uma conveniência, a sua... [A Revolta das Palavras].
* É que nestas linhas está o princípio e o fim da sua biografia aparente... [Maria Ondina Braga].
* Estar morto é, por isso, um meio apenas de possibilitar essa reciclagem do ser sem a qual tudo seria eterna e monotonamente igual [A Reciclagem do Ser].

Um dia de Verão

* Não subsiste nem nunca existiram pois quaisquer «dívidas» da senhora em relação à minha pessoa... [Ordem na Ordem].

* É esta a minha declaração de interesses, poso provar o que afirmo... [Ordem na Ordem].

Servente de escrevente

Ter vários blogs, muitos blogs, não quer dizer escrever neles todos os dias. Às vezes falta o tempo, outras vezes a disposição, quantas o assunto! Se tudo isto serve de desculpa para eu não ter posto os pés aqui, ei-la. No mais, a blogoesfera ou é um espaço de liberdade ou não existe. Um dia li uma entrevista do Lobo Antunes, o António, em que ele dizia que escrevia não sei quantas horas todos os dias e começava logo com umas não sei quantas para «aquecer a mão». E mais: tinha alugado um sítio, que seria algo como uma armazém, onde se sentava qual amanuense da sua escrita, amarrado ao moinho da sua produção literária.
Diga-se que fiquei vivamente impressionado com esta condenação à galera das escrituras.
Escrever por obrigação equivale à expressão «fazer as necessidades», às vezes em sentido literal, diga-se.

Regressado do Bonfim

* Lentamente vamos encerrando a sociabilidade indiferente... [O Ser Fictício].

* Uma mulher que assim pensa, entrega-se à vida, para que ela lhe esgote o ser... [Clarice Lispector].

O homem incapaz

* Regressei a Lisboa ouvindo a «Antena 2» e nela uma entrevista sobre o autor de um livro que há pouco comprei sobre a série que a «Caminho» está a editar sobre linguística... [A Janela do Ocaso].

* «Quando falar ou estar calado já é indiferente», é melhor já nem falar... [Posta Restante].

* O triste médico encontrou no expansivo filósofo um «paradoxeur», prisioneiro do seu próprio relativismo e armadilhado pelas aporias da sua forma de dizer [Geometria do Abismo].

A imperfeição das almas

* Foi, por isso, que me violentei, para ler até ao fim a entrevista que Zita Seabra deu ao jornal «Sol»... [A Revolta das Palavras].

* Foi ao voltar uma folha desse livro antigo, impresso em 1957 pela extinta Portugália, que me cruzo com um enunciado do evanescente conceito que é o amor... [O Ser Fictício].

Textos sadinos

* Ao findar um «epitáfio» aos «Textos Sadinos» do Luiz Pacheco, de que o seu amigo editor Raposo Nunes encontrou agora uns quantos exemplares, com um dos quais me cruzei esta tarde... [A Janela do Ocaso].

Tentação fatal

* Porque há mais mundo do que o social, ontem estive ainda com o «Diário Íntimo» de Manuel Laranjeira [A Janela do Ocaso].

À luz do dia

* Não somos dos que concorrem ao Conselho Superior como poderiam concorrer ao Conselho Geral. Estamos em nome de um princípio, não por causa de uma conveniência... [Ordem na Ordem].

* Não se trata de uma lista de contra-poder, ela é, sim, uma lista à margem dos poderes que se instituiram e dos que se pretendem entronizar... [Ordem na Ordem].

Em paz com o mundo

* Não se trata de uma lista de contra-poder, ela é, sim, uma lista à margem dos poderes que se instituiram e dos que se pretendem entronizar... [Ordem na Ordem].

Começo das obras

* Escreve-se, em grafia ocidental, «Au Wa wakaré no hajimé» e traduz-se, diz Moraes, em versão livre como «o encontro é o começo da separação»... [A Janela do Ocaso].

Dia de devotos nos votos

Com uma abstenção eleitoral superior a 60% os sinais de legitimação democrática começam a tornar-se preocupantes, sobretudo quando os votos se pulverizam... [A Revolta das Palavras].

* Momentos depois, entre sorrisos e desejos, mais um café, se faz favor também se usa, perguntava-me o que é a essência e a circunstância, o substantivo e o qualificativo... [O Ser Fictício].

* Só devemos conjugar o verbo haver em todas as pessoas quando é auxiliar... [Espantosa Língua].

* Escritora e também pintora, exprimindo-se pelo que se sente vendo-se, Clarice Lispector pintou este quadro e chamou-lhe «Tentativa de Ser Alegre»... [Clarice Lispector].

* Lembrei-me foi de haver entre a molhada desarrumada de livros que me cercam um que o Alfredo Ribeiro dos Santos escreveu, biografando o Leonardo Coimbra... [Geometria do Abismo].

Terras de Santa Maria

* Saí de lá com respeito por cada uma das folhas que desperdiço... [Espantosa Língua].

* Estou, em intervalo do meu viver, num magnífico lugar, casa antiga que hoje sobrevive à conta do turismo de habitação... [A Janela do Ocaso].

A grande feira

* «Com muitas estrelas», a Antena 2 noticiava hoje de manhã que «Os Maias» de Eça de Queirós vão à cena, numa adaptação para teatro em Londres... [A Revolta das Palavras].

Amainado o vento

* Percebi pelo folhear distraído do livro de «memórias», que na juventude Zita Seabra quiz ser bailarina. Parece que o terá conseguido... [A Revolta das Palavras].

Dias de Agosto, tardes de Setembro

* Como se já não bastasse para mostrar o que é o ser anímico de uma língua, Nogueira Pessoa remata... [Espantosa Língua].

* Ser órfão é muitas vezes ser-se feliz... [Irene Lisboa].

O Corpo Nacional de Escutas

* Esperava-me o pior. O edifício estava lá e ostensiva via-se na parede frontal uma placa assinalando ali a presença passada de alguém... [Irene Lisboa].

* Na altura a ideia de um corpo destinado a escutar a vida alheia tinha má fama... [A Revolta das Palavras].

* A filosofia portuguesa pode ser o pensar Portugal e, se for assim, já é um começo esperançoso, porque a Nação tem de renascer pelo espírito, velha que está, após oito séculos de esgotado ser... [Geometria do Abismo].

Um dia de calor

* Dedicado a redimir o erro, livro a livro fui enchendo com a sua literatura a estante e o chão circundante... [O ser fictício].

O intervalo dos dias

* Desde que dê para eu entrar na outra bicha, que á a daqueles a quem o Estado não paga ou paga às pingas, já dá!... [A Revolta das Palavras].

* Há coisas fantásticas no que prende a atenção dos media. Um jornal diário de hoje noticiou o absentismo na Câmara Municipal de Lisboa... [A Revolta das Palavras].
* É esta a lista que apresentamos ao Conselho Superior, em número de vinte e dois membros, pois, sendo eleitos, é ponto de programa que o Presidente do Conselho não assuma a presidência de qualquer das secções, ao contrário do que sucede actualmente [Ordem na Ordem]

Apresentar armas!

* A nossa lista não pretende ser mais honesta, mais séria, mais honrada do que outras. Modestamente, apenas queremos ser os que, pelo modo como surgimos, não temos, logo na origem, nenhuma ligação ao poder executivo da Ordem, nenhuma ligação a qualquer poder [Ordem na Ordem].

* Somos a primeira de todas as listas que, ao tornarmo-nos conhecidos como candidatura, trazemos a público todos os nomes que a integram [Ordem na Ordem].

Esta cidade!

*Digam-me que não é um insulto à inteligência esta de colocar uma repimpada burguesa a fingir-se sofrida trabalhadora com um fotógrafo atrás para registar a mascarada... [A Revolta das Palavras].

* Se tiver tempo de vida e saúde que me sobre ainda escreverei a biografia desta mulher... [Maria Ondina Braga].

* De há muito que fui reunindo, um a um, os livros da Irene Lisboa... [Irene Lisboa].

* O meu exemplar, comprado numa modesta livraria de obras em segunda mão, foi oferecido no Natal de 1981 pela tia Maria Antonieta à Guida «com um abraço apertado»... [Irene Lisboa].