Puxa, Conde!

* Cheguei agora, ao Hotel da Estação, e cruzei-me na recepção com o revisor e o maquinista, que vão também pernoitar por aqui... [A Janela do Ocaso].
* A revista «Sábado», na sua edição de hoje publica uma entrevista comigo. O jornalista Nuno Tiago Pinto, com profissionalismo, conseguiu surpreender o essencial da minha pessoa.
Há só duas pequenas gralhas, naturais e que sucederam pois não revi o texto, que saíu tal como a sua liberdade jornalística a concebeu.
A primeira é que o meu pai não era «primo-neto» do «conde» de Barreiros, que fundou o colégio e seminário da Via Sacra, onde estudou Salazar. O meu pai era sobrinho do «cónego» Barreiros e foi condiscípulo nesse Colégio do então ali prefeito António de Oliveira Salazar.
A segunda é quando apareço a dizer que «em África não havia distância ente brancos, negros e mulatos» e que foi ao chegar à Metrópole que me chocaram «às diferenças sociais entre os que tinham e os que não tinham». A primeira frase ficaria melhor se estivesse escrito «em África não havia tanta diferença entre os que tinham e os que não tinham, mesmo entre brancos, pretos e mulatos». Havia diferenças sociais, económicas, raciais, embora houvesse maior proximidade entre as pessoas. Se houve coisas chocantes que ainda hoje guardo na memória era o dístico que estava no melhor cinema da terra - havia dois - a apregoar «não é permitida a entrada a indígenas»!
Que me desculpe o jornalista. Eu, que no falar coloquial sou algo trapalhão, posso ter dado azo aos lapsos. Quem tem de falar tantas vezes em público, por causa da profissão, tem direito a alguma preguiça verbal de quando em vez. Depois saem estas!