O animal feroz à solta

* Numa memorável entrevista a Maria João Avilez, José Sócrates avisou que quando achava que tinha razão era um «animal feroz». Lembrei-me disso hoje ao ver mais uma das muitas leis com que somos brindados, agora que os tribunais vão abrir, a Lei n.º 49/07, de 29 de Agosto, que procede à «primeira alteração aos Decretos-Leis n.os 312/2003, de 17 de Dezembro, e 313/2003, de 17 de Dezembro, e segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de Outubro, que estabelecem o regime jurídico de detenção de animais perigosos e potencialmente perigosos, de identificação e registo de caninos e felinos e de aplicação da Convenção Europeia para a Protecção dos Animais de Companhia».
Uma actividade legisferante tão intensa já tornava os nossos legisladores em autênticos animais de carga, os cidadãos em animais de sela. Agora, ante tantas laudas da folha oficial, os que trabalham na Justiça só mesmo tornando-se animais de tiro!
Ante esta coisa animalesca, procurei inventariar tudo no meu Patologia Social, que arde patologicamente em febre legislativa. Deve ser a febre dos fenos, pela certa!
* Há uns infelizes que são sempre o objecto do gozo alheio pela sua calma, pela lentidão, pela tranquilidade, pela preguiça... [A Revolta das Palavras].