Natal a todos, feliz Natal



Há um momento em que foram tantas as variantes de Natal que nos foram dadas viver que já nem sabemos qual a delas a mais sentida, a mais nostálgica, a mais fingida, a mais dorida, a mais em paz connosco e com o mundo pacificados. 
Além disso, há o mundo dos outros, aqueles que nem todos sentem, desde os que se profissionalmente se alegram para nos servir, aos que têm estampada no rosto a solidão de ninguém os ter procurado, vendedores do que sobejará, esperançadas criaturas para um companhia que não terão.
Tudo isso por vezes dói, ao pararmos e pensarmos nisso, e com a idade aumentam os que reservam desta época o ser o tempo das crianças, figuração cristã de um menino nascido de ventre pobre e de amor que nem unitivo foi.
Por outro lado, há em muitos o saber resistir, o encontrar em si a força generosa da dádiva, o tempo amável do sorriso, mesmo quando tudo em redor confina, a presença infrequente tornada necessária, o orçamento esgotado em inutilidades ornadas a laçarote, o esgotamento do próprio físico, a alma cansada, a cumprir o dever de obsequiar. 
Tentei lembrar-me hoje da mais antiga recordação de Natal. Terão estado connosco, em nossa casa, nessa hoje distante Malanje, os meus avós maternos? Não ficou na memória nada que o retenha. Resta, porém, desse anos de 1949, esta fotografia, ao mundo sorrisos, a inocente alegria ante um carrinho de plástico, quando tão pouco fazia tanto!
Natal a todos, feliz Natal.